A
Cáritas Diocesana de Almenara em seus 30 anos de atuação no Baixo Jequitinhonha
vem trabalhando com grupos de jovens e mulheres, associações comunitárias e
movimentos sociais dos 17 municípios da região com ações ligadas ao combate à
pobreza e miséria. Estes trabalhos que entendem a pobreza muito além da falta
de dinheiro ou comida, mas pela falta de direitos básico atendidos, assistem
famílias desde a dificuldade de acesso a água, a terra e a produção de
alimentos de qualidade até a formação e emancipação social e política. Vale
ressaltar que a população nesta região sofre tamanho descaso não por um
esquecimento ou descaso político, mas por uma falta de interesse político em
atuar aqui, pois eles são centralizados pelas vontades dos fazendeiros e
latifundiários.
Neste
cenário, a Cáritas Diocesana de Almenara vem trabalhando junto aos agricultores
e agricultoras estimulando a produção de alimentos e o fortalecimento da soberania
alimentar, bem como sua organização através da associação de feirantes,
organização da feira-livre e do fundo rotativo solidário. Nesta atuação que
abrange a parte produtiva, participamos da organização do I Encontro de
Agrobiodiversidade do Semiárido Mineiro, onde pudemos contar com a contribuição
de agentes Cáritas e camponeses e camponesas da região, debatendo sobre a
biodiversidade agrícola e as interferências da mudança climática. Também
desenvolvemos projetos em conjunto com as comunidades de Jerusalém (na cidade
de Rubim) e Franco Duarte (no município de Jequitinhonha) para implantação de
Casas de Sementes Crioulas. Implementou-se também projetos
produtivos em avicultura, horticultura e suinocultura, a partir do acesso ao
fundo rotativo solidário da associação de feirantes de Jequitinhonha.
Muitas
famílias também são atendidas desde 2012 com a construção das Cisternas de
Captação de Água de Chuva para consumo, o programa P1MC, que é seguido com a
construção de Cisternas para Captação de Água de Chuva para produção agrícola,
o P1+2, ambas avançando na conscientização das famílias no cuidado
e no uso racional da água bem como práticas de produção agroecológicas e
importância de organização social, através do GRH (curso de Gestão de Recursos
Hídricos) e do GAPA (Gerenciamento de Água e Produção de Alimentos).
Os
direitos humanos estão sendo pautados na região através da Comissão Regional de
Direitos Humanos, que é centralizado na cidade de Almenara e conta com a
participação da Cáritas Diocesana, das irmãs da cidade, do bispo, escolas e
Universidades da cidade, onde já organizou, inclusive, um momento de encontro
regional para debater o tema.
O
direito a comunicação das comunidades rurais como foco de resistência e luta
também estão em nossos trabalhos a muitos anos. A valorização de experiências
camponesas da região pelo informativo “Candeeiro” e por “Banners”, bem como a
publicação do informativo escrito “Fique de Olho” que tem caráter de anúncio e
denúncia regional, além da divulgação dos convênios e arrecadações mensais das
prefeituras municipais. A luta pela Reforma Agrária no ar através de rádios
livres comunitários é travada, sendo incentivadas e apoiadas em muitas
comunidades rurais sua implementação (como o Franco Duarte em Jequitinhonha e
Jerusalém em Rubim, por exemplo), além do programa radiofônico semanal “Vozes
da Terra” que sempre traz temas de formação e informação para a população da
região.
A organização social para
emancipação da população também é foco de nossas ações. Trabalhos com juventude
dos municípios de Jacinto, Rubim e Palmópolis, principalmente, foram realizados
para debater de Arte e Cidadania, sempre na perspectiva de voltar o olhar da
juventude para as políticas públicas de seus municípios e comunidades, que não
existem para esta geração, na perspectiva da criação de um projeto de vida para
o futuro. O trabalho voltado com a organização das mulheres camponesas é
desenvolvido nas comunidades rurais de Jequitinhonha, buscando levantar a
autoestima das participantes, valorizar seus trabalhos e envolvimento ativo na
vida da comunidade. E também sempre nos fizemos presentes nas lutas de rua,
tanto em apoio aos movimentos sociais populares quanto em ações com o
protagonismo em sintonia com a população não organizada, como o ocorrido nas
manifestações que ocorreram em todo Brasil em julho de 2013 e na ocupação da
BR-361 no dia nacional de lutas em conjunto ao sindicato dos trabalhadores
rurais de Jequitinhonha e representação do MST do Baixo Jequitinhonha.
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